Quando se fala no Festival Folclórico de Parintins, a primeira impressão é de que a festa é igualzinha ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Esqueça essa comparação! A começar que aqui só rolam duas agremiações: o Caprichoso, de cor azul; e o Garantido, vermelho, fundadas em 1913. As disputas começaram em 1965 como forma de arrecadar fundos para a construção da Catedral de Nossa Senhora do Carmo.
Claro que em ambas as festas (Rio e Parintins) há diversos elementos em comum como as cores, a alegria, bateria (na Amazônia, chamada de marujada ou batucada), porta-bandeira (aqui, porta-estandarte), puxador (levantador de toadas), carros alegóricos, alas (coreografia), os lindos bois (de tão aguardados e festejados quando entram em cena, poderiam ser comparados às rainhas de bateria do Carnaval carioca)... e claro, a torcida!
Mas em Parintins, as arquibancadas são divididas. De cada lado do Bumbódromo - uma arena em formato de cabeça de boi onde acontecem os espetáculos por três noites no final do mês de junho - fica uma torcida, aqui chamada de “galera”. A arena é dividida em azul e vermelho e, enquanto um boi se apresenta, os torcedores rivais não podem fazer nenhum tipo de manifestação.
Além das arquibancadas “normais”, digamos assim, e das cadeiras, onde ficam turistas em geral, tem as arquibancadas “especiais”, ocupadas por milhares de moradores apaixonados por seus bois do coração. E eles dão um show a cada noite! Com coreografias e adereços, contam ponto na apuração final que decide o campeão de cada ano.
Animadores coordenam a evolução, que muitas vezes rouba a cena – é comum você ficar uns bons minutos olhando para arquibancada e sequer notar o que acontece na pista, onde estão os principais personagens e que conduzem o enredo. Detalhe: o acesso à arquibancada “especial “ é gratuito... Mas para conseguir um lugarzinho apertado por ali, é preciso entrar na fila antes do amanhecer!
O bumbódromo, que em 2018 completou 30 anos, reúne 17.500 espectadores, espalhados ainda por camarotes dos mais variados tamanhos e estilos (dos mais simples aos mais sofisticados, com ar-condicionado, algo que por ali, não chega a ser luxo e sim, necessidade!)
Grandiosidade
O espetáculo de cada agremiação, que dura duas horas e meia em cada noite, remete a um teatro, onde as alegorias entram em saem de cena, assim como os dançarinos. Só ficam o tempo todo na pista o apresentador, a marujada e os personagens principais, que vão entrando ao longo da apresentação (boi, levantador de toadas, sinhazinha, porta-estandarte...).
As apresentações reúnem músicas (as toadas), cantores, ritmistas, dançarinos e alegorias gigantescas (bem maiores que as do Rio por não terem um limitador de altura – no caso, a Torre de TV do Sambódromo), tudo realçado por uma iluminação espetacular, que garante ainda mais dramaticidade, emoção e beleza ao rico espetáculo. A grandiosidade e os detalhes - com direiro a efeitos especiais! - são dignas de uma superprodução.
As temáticas sempre exaltam a cultura dos povos da floresta – daí, a presença obrigatória dos pajés, das rainhas do folclore, dos muitos animais amazônicos, entre outros elementos típicos. Embora o tema do ano em questão seja o mesmo, as apresentações mudam a cada noite. Quem foi na sexta-feira, não verá o mesmo show de sábado ou domingo – por isso, vale a pena ir nos três dias do festival. Os espetáculos começam às 21h e terminam por volta das 2h30.